Sem salários, e em greve por tempo indeterminado, servidores da saúde realizaram na manhã de honde a abertura oficial dos festejos carnavalescos da capital sergipana. Na realidade, com sátira à atual situação de dificuldade vivenciada pelas categorias, mais de 60 profissionais entre enfermeiros, médicos, psicólogos e assistentes sociais, promoveram o ‘Bloco dos Quebradinhos’, como forma de chamar a atenção dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), para o real motivo da greve. O protesto em ritmo de festividade do momo foi realizado em frente ao Centro Administrativo Aloísio Campos, sede da Prefeitura de Aracaju.
Além do atraso salarial, os servidores alegam que estão sofrendo com as precárias condições de trabalho oferecidas pela Prefeitura de Aracaju; não estão recebendo de forma constitucional o terço de férias; e permanecem sem receber as horas extras contabilizadas ao prestar serviços para o programa ‘Horário Estendido’, criado pela Secretaria Municipal de Saúde (SES). A princípio, a Secretaria Municipal da Fazenda informou que a prefeitura continua enfrentando sérios problemas financeiros e que os salários só seriam devidamente pagos para todos os trabalhadores da saúde na próxima sexta-feira, 12. Diante das recorrentes mobilizações grevistas, a administração municipal informou que poderia repassar os salários de janeiro até a madrugada de amanhã.
Presente no ato, a diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe (SEESE), Gabriela Pereira, ressaltou que a greve continua até o momento em que os salários forem de fato depositados na conta dos servidores. “Houve essa promessa na reunião que foi realizada aqui mesmo com alguns secretários, mas em ocasiões anteriores promessas feitas pela prefeitura foram descumpridor. A greve continua até que os nossos salários sejam realmente devotados. Se não entrar, a greve vai continuar”, avisou. Para agravar ainda mais a situação vivenciada por mais de 300 trabalhadores que prestam serviços na capital, a administração municipal informou também que esse tipo de situação lamentável irá permanecer, pelo menos, até o mês de março.
Essa garantia apresentada no último dia útil de janeiro deixou claro que o salário de fevereiro só será repassado em março; e o de março, apenas em abril. Ainda de acordo com Gabriela, caso esses atrasos voltem a acontecer, os movimentos grevistas serão reiniciados na capital sergipana. “Nós não podemos aceitar que essa falta de respeito com o cidadão trabalhador seja corriqueiro e faça de 2016 um ano tão difícil como foi o de 2015. Pagou? A greve para e os serviços serão reiniciados; não pagou dentro do mês? A greve volta e só para quando os salários forem debitados. Essa será a postura dos enfermeiros daqui pra frente com quem não respeita o trabalhador”, afirmou a sindicalista.
Durante a greve, 70% dos enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais cruzaram os braços. Já os médicos o índice de adesão foi de 50%. Caso o pagamento não seja realizado hoje, outras categorias podem aderir ao movimento. São eles: agentes de endemias, nutricionistas, dentistas e fisioterapeutas. Com as unidades de pronto atendimento sem exercer a escala funcional dentro da normalidade, dezenas de usuários do SUS estão migrando para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE). Essa situação já era esperado por gestores da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), que chegaram a se unir aos servidores grevistas e criticar o prefeito João Alves Filho.