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Seese aponta irregularidades em cinco Hospitais Regionais

A diretoria do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe (Seese) visitou os hospitais regionais de Lagarto, Neópolis, Itabaiana, N. Sra. da Glória e N. Sra. do Socorro para realizar assembleias setoriais e constatou muitas irregularidades comuns entre os cincos estabelecimentos como a precarização da nutrição, estruturas físicas inacabadas, desabastecimento de medicação e falta de segurança ao servidor.

A situação da nutrição nos hospitais é extremamente precária. O Hospital Regional Governador João Alves Filho de N. Sra. da Glória, por exemplo, é um dos piores locais nesse quesito. Os enfermeiros relatam que o alimento servido aos pacientes, acompanhantes e trabalhadores na ceia, durante à noite nos plantões, é pão seco sem acompanhamento de manteiga e meia dose de café. Não existe nutricionista, o que é um erro porque em alguns casos há a necessidade de nutrição enteral para os pacientes internados, sem contar que deve existir a seleção de dieta dos pacientes, visto que cada um tem perfil diferenciado e que deve ter a avaliação do nutricionista.

“Isso não cabe a enfermagem. Muitas vezes, os hospitais que não possuem nutricionistas e recorrem a enfermagem para ajudar neste sentido. Nós orientamos a enfermagem dizendo que isso não é papel dos enfermeiros e que precisa lutar para que tenha o profissional nutricionista ou da área afim para que exerça essa atividade”, disse a presidente do Seese, Shirley Morales, informando que tentou falar com o diretor da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), Hans Lobo, para que o problema seja sanado porque é recorrente, mas não conseguiu. “O abastecimento não é contínuo. Às vezes, tem as refeições durante algumas semanas, mas depois passa outras semanas faltando. E isso ocorre também em relação à medicação, insumos e materiais”, explica a sindicalista.

No Hospital de N. Sra. da Glória, a situação estrutural é ruim. O prédio está inacabado. Parte da estrutura é antiga e parte é nova. E entre uma área e outra falta a continuidade da área física, onde são feitos improvisos com tapumes. Para piorar, isso ocorre próximo a central de material estéril, o que impede o correto armazenamento desse material podendo levar prejuízo à população porque lá ocorrem cirurgias, precisando um cuidado maior com esse material estéril. “São coisas absurdas em Glória, que são suficientes para fechar este hospital”, diz Shirley Morales.

No Hospital Regional Dr. Pedro Garcia Moreno de Itabaiana, a diretoria do Seese constatou também o desabastecimento de medicações e aparelhos, como o de aferição de pressão arterial, e termômetro, este último só chegou no dia da fiscalização do sindicato. O descarte de lixo é problemático uma vez que os perfuros cortantes ficam em caixas de papelão, o que não são adequadas. “Há preocupação com estes descartes dos resíduos hospitalares porque o lixo comum fica misturado com os lixos contaminados. Por isso, iremos acionar a Vigilância Sanitária para fiscalizar os hospitais regionais”, adianta Morales.

Os profissionais de Saúde nestas unidades queixam-se ainda da falta de segurança para poder trabalhar com tranquilidade. Foram relatados casos de agressões por parte dos acompanhantes dos pacientes. “A Sacel continua afirmando que faz segurança de patrimônio e não do pessoal. Isso é extremamente complicado porque há roubos e assaltos, como no estacionamento no Hospital Regional José Franco Sobrinho em N. Sra. do Socorro. As chefias são avisadas e, infelizmente, não se vê um retorno”.

Existe reclamação em relação a estrutura de isolamento que deixa a desejar porque não tem instalação sanitária, fazendo com que pacientes e acompanhantes que estão na área de isolamento transitem pelo hospital para utilizar estes banheiros, resultando em alguns casos de infecção cruzada, que é a transferência de microorganismos de uma pessoa (ou objeto) para outra pessoa. “Em Itabaiana, havia pacientes sem critérios de isolamento e ficavam no Pronto-Socorro em uma sala improvisada sem nenhuma condição, em alguns casos com pacientes com suspeita de meningite”, relembra Shirley Morales.

Outros problemas encontrados foram na sala de estabilização, que serve para a permanência temporária dos pacientes apenas para a estabilização dos sinais vitais, onde depois é transferido para a unidade de internamento do próprio hospital ou de outro hospital, quando não vem a óbito ou recebe alta. O fato é que muitos equipamentos estão sem manutenção e em alguns momentos o paciente vai a óbito e os monitores cardíacos continuam funcionando com sinais estáveis. A superlotação também é constante. “Muitas vezes é feita a estabilização para apenas dois pacientes ou no máximo três, mas ficam cinco pacientes sem ter condições. São situações realmente absurdas!”, denuncia a presidente do sindicato.

Se não bastassem todos esses impasses, o sindicato recebeu a informação de que a unidade de internamento da Fundação de Beneficência São Francisco, conhecida com o Hospital de Neópolis, que serve como rede de atenção para aqueles municípios próximos aquela microrregião, seria desativada, ou seja, não teria um suporte hospitalar para atendimento de toda aquela região.